quinta-feira, 2 de abril de 2015

Características dos textos românticos

Características básicas dos textos românticos.


        Tendo surgido na Alemanha, o movimento romântico conquistou a Inglaterra, a França e, posteriormente, todos os países europeus, de onde se difundiu para a América.

Não se pode imaginar que o Romantismo tenha sido uniforme. Foi um estilo rico, diversificado e muitas vezes contraditório.

Três componentes resumem o processo criativo dos românticos: paixão, emoção e liberdade, todos relacionados a uma subjetividade tão forte como nunca se tinha notado na arte ocidental.

Dessa subjetividade decorrem as características básicas dos textos românticos.

1. Liberdade de criação

    Mais que uma característica, trata-se de uma postura diante da arte e da vida. Se no Classicismo e no Arcadismo a norma era a imitação da arte greco-romana, considerada como modelo, no Romantismo o escritor rejeita qualquer modelo e procura expressar-se por uma atitude pessoal, individual, que pretende ser única. Para os românticos, expressar-se significa exprimir sua personalidade, independentemente de quaisquer regras.

   Esta característica só pode ser observada se compararmos um texto romântico com textos que se enquadram nos estilos de época anteriores ao Romantismo.


2. Sentimentalismo


   Enquanto o artista clássico analisa e expressa a realidade sobretudo através da razão, o romântico vale-se dos sentimentos. Por isso, é o sentimento de cada um que define a importância ou não das coisas.

3. Supervalorização do amor

    É a consequência mais imediata do sentimentalismo. O amor é considerado como a coisa mais importante da vida, em flagrante oposição ao valor mais cultivado pela burguesia: o dinheiro. Perder o amor significa perder o sentido da vida. Essa perda provoca basicamente três consequências: a loucura, a morte ou o suicídio, situações comuns em epílogos de romances românticos.

4. Idealização da mulher

    A mulher – objeto do amor romântico – é divinizada, cultuada, pura, aparecendo às vezes envolta numa atmosfera de mistério.


5. Mal-do-século

     A palavra é uma tradução aproximada do texto spleen, que surgiu na Inglaterra e esteve em moda em toda a Europa no período romântico.


    O mal do século origina-se basicamente de dois fatores. Um deles é a ideia aceita pelos românticos de que o espírito humano busca sempre a perfeição, a totalidade, o absoluto, o infinito. No entanto, sendo humanos, somos incapazes de atingir esse estado. A constatação dessa impossibilidade gera a angústia que caracteriza o mal do século. Outro fator é o desajuste do indivíduo na sociedade burguesa, que se revelava muito prática e objetiva, em oposição ao sentimentalismo exacerbado dos românticos. Desse desajuste social resultam:


a) pessimismo em relação à sociedade e a si mesmo;


b) prazer em sentir-se melancólico e sofrido;


c) busca do isolamento, da solidão.


Procurando saídas para esse desequilíbrio, as personagens de obras românticas desenvolvem mecanismos de evasão da realidade.



6. Evasão


      A evasão no tempo conduz a imaginação do escritor e da personagem romântica ao passado histórico de seu país ou ao passado individual de cada um (infância e adolescência).

      Na volta ao passado histórico, o romântico europeu vai redescobrir a Idade Média, que ele idealiza como sendo uma época de estabilidade política e social. Tipos medievais como o cavaleiro das cruzadas e os monges reaparecem nas obras do Romantismo como personagens-símbolo dessa época.

      Na Idade Média o escritor romântico europeu encontra também as origens de cada nação. Desse processo resulta o nacionalismo, uma das mais importantes características da literatura romântica.
A religiosidade, especialmente a proposta pelo cristianismo medieval, também se recupera nos textos românticos como conseqüência dessa volta ao passado.


Portanto, da volta ao passado histórico resultam as seguintes características observáveis em textos românticos:


a) recuperação da cultura medieval, no Romantismo europeu;


b) exaltação da nacionalidade (nacionalismo), como idealização do povo, dos heróis nacionais, da paisagem física;


c) religiosidade, de preferência aquela derivada do cristianismo.


Já no plano individual, o romântico volta-se para a sua infância ou adolescência, que é valorizada como um período seguro, sem preocupações, repleto de pureza e inocência.

A criança e o selvagem são vistos como modelos de inocência, pureza e bondade, porque ainda não teriam sido corrompidos pela sociedade.


Da volta à infância decorrem duas características dos textos românticos;


a) saudade e supervalorização da infância;


b) supervalorização do homem em estado selvagem.


A evasão no espaço conduz a imaginação romântica – tanto de autores quanto de personagens – para paisagens novas, estranhas e primitivas.


A natureza é concebida como um espaço ainda não corrompido; por isso, é sempre descrita como um espetáculo grandioso e tida como local de refúgio para o solitário.


Decorrem daí, no texto romântico:



a) exaltação da natureza;


b) valorização da natureza como refúgio seguro e sereno.


Outra maneira de evasão no tempo e no espaço é refugiar-se no sonho, no devaneio, verdadeiros substitutos para a vida real.


Finalmente, o mais radical e definitivo de todos os processos de escapismo: a espera ou a evocação da morte.


7. Escolha dos heróis grandiosos
   O romântico exalta personagens históricas que foram incompreendidas em sua época. A obra que inaugura o Romantismo português, por exemplo, é um longo poema narrativo sobre a vida de Camões, poeta renascentista que viveu miseravelmente.


8. Aceitação do mistério


   O romântico admite a ocorrência de fatos inexplicáveis, fantásticos, sobrenaturais e os incorpora em suas obras.

Texto encontrado no link : http://professordiegolucas.blogspot.com.br/2010/06/romantismo-view-more-presentations-from.html

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