Declamação de Poemas

Membros do grupo:

debora alves, Maria Eduarda, Millena moura, nathália Aguiar, pedro Henrique,   Ruan E Samuel

 

 

 

 

 

 

 

 











Poemas que serão declamados na apresentação :  



A MULHER QUE PASSA
Vinicius de Moraes, 1938

Meu Deus, eu quero a mulher que passa.
Seu dorso frio é um campo de lírios
Tem sete cores nos seus cabelos
Sete esperanças na boca fresca!

Oh! como és linda, mulher que passas
Que me sacias e suplicias
Dentro das noites, dentro dos dias!

Teus sentimentos são poesia
Teus sofrimentos, melancolia.
Teus pelos leves são relva boa
Fresca e macia.
Teus belos braços são cisnes mansos
Longe das vozes da ventania.

Meu Deus, eu quero a mulher que passa!

Como te adoro, mulher que passas
Que vens e passas, que me sacias
Dentro das noites, dentro dos dias!

Por que me faltas, se te procuro?
Por que me odeias quando te juro
Que te perdia se me encontravas
E me encontrava se te perdias?
Por que não voltas, mulher que passas?
Por que não enches a minha vida?
Por que não voltas, mulher querida
Sempre perdida, nunca encontrada?
Por que não voltas à minha vida?
Para o que sofro não ser desgraça?

Meu Deus, eu quero a mulher que passa!
Eu quero-a agora, sem mais demora
A minha amada mulher que passa!

No santo nome do teu martírio
Do teu martírio que nunca cessa
Meu Deus, eu quero, quero depressa
A minha amada mulher que passa!

Que fica e passa, que pacifica
Que é tanto pura como devassa
Que boia leve como a cortiça
E tem raízes como a fumaça.



Navio Negreiro
Castro Alves

IV

Era um sonho dantesco... o tombadilho  
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite...  
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...
  
Negras mulheres, suspendendo às tetas  
Magras crianças, cujas bocas pretas  
Rega o sangue das mães:  
Outras moças, mas nuas e espantadas,  
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!  

E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente  
Faz doudas espirais ...
Se o velho arqueja, se no chão resvala,  
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais...  

Presa nos elos de uma só cadeia,  
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!

Um de raiva delira, outro enlouquece,  
Outro, que martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!  

No entanto o capitão manda a manobra,
E após fitando o céu que se desdobra,
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!..."  

E ri-se a orquestra irônica, estridente. . .
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais...
Qual um sonho dantesco as sombras voam!...
Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
E ri-se Satanás!...  



I- Juca- Pirama/ Canto IV Gonçalves Dias 

IV
MEU CANTO DE MORTE,
GUERREIROS, OUVI:
SOU FILHO DAS SELVAS,
NAS SELVAS CRESCI;
GUERREIROS, DESCENDO
DA TRIBO TUPI.
                                                                                  
DA TRIBO PUJANTE,
QUE AGORA ANDA ERRANTE
POR FADO INCONSTANTE,
GUERREIROS, NASCI;
SOU BRAVO, SOU FORTE,
SOU FILHO DO NORTE;
MEU CANTO DE MORTE,
GUERREIROS, OUVI.

JÁ VI CRUAS BRIGAS,
DE TRIBOS IMIGAS,
E AS DURAS FADIGAS
DA GUERRA PROVEI;
NAS ONDAS MENDACES
SENTI PELAS FACES
OS SILVOS FUGACES
DOS VENTOS QUE AMEI.

ANDEI LONGES TERRAS
LIDEI CRUAS GUERRAS,
VAGUEI PELAS SERRAS
DOS VIS AIMORÉIS;
VI LUTAS DE BRAVOS,
VI FORTES — ESCRAVOS!
DE ESTRANHOS IGNAVOS
CALÇADOS AOS PÉS.

E OS CAMPOS TALADOS,
E OS ARCOS QUEBRADOS,
E OS PIAGAS COITADOS
JÁ SEM MARACÁS;
E OS MEIGOS CANTORES,
SERVINDO A SENHORES,
QUE VINHAM TRAIDORES,
COM MOSTRAS DE PAZ.

AOS GOLPES DO INIMIGO,
MEU ÚLTIMO AMIGO,
SEM LAR, SEM ABRIGO
CAIU JUNTO A MIM!
COM PLÁCIDO ROSTO,
SERENO E COMPOSTO,
O ACERBO DESGOSTO
COMIGO SOFRI

 
MEU PAI A MEU LADO
JÁ CEGO E QUEBRADO,
DE PENAS RALADO,
FIRMAVA-SE EM MI:
NÓS AMBOS, MESQUINHOS,
POR ÍNVIOS CAMINHOS,
COBERTOS D'ESPINHOS
CHEGAMOS AQUI.

 
O VELHO NO ENTANTO
SOFRENDO JÁ TANTO
DE FOME E QUEBRANTO,
SÓ QU'RIA MORRER!
NÃO MAIS ME CONTENHO,
NAS MATAS ME EMBRENHO,
DAS FRECHAS QUE TENHO
ME QUERO VALER.

 
ENTÃO, FORASTEIRO,
CAÍ PRISIONEIRO
DE UM TROÇO GUERREIRO
COM QUE ME ENCONTREI:
O CRU DESSOSSEGO
DO PAI FRACO E CEGO,
ENQUANTO NÃO CHEGO
QUAL SEJA, - DIZEI!

EU ERA O SEU GUIA
NA NOITE SOMBRIA,
A SÓ ALEGRIA
QUE DEUS LHE DEIXOU:
EM MIM SE APOIAVA,
EM MIM SE FIRMAVA,
EM MIM DESCANSAVA,
QUE FILHO QUE SOU.

AO VELHO COITADO
DE PENAS RALADO,
JÁ CEGO E QUEBRADO,
QUE RESTA? — MORRER.
ENQUANTO DESCREVE
O GIRO TÃO BREVE
DA VIDA QUE TEVE,
DEIXAI-ME VIVER!

NÃO VIL, NÃO IGNAVO,
MAS FORTE, MAS BRAVO,
SEREI VOSSO ESCRAVO:
AQUI VIREI TER.
GUERREIROS, NÃO CORO
DO PRANTO QUE CHORO:
SE A VIDA DEPLORO,
TAMBÉM SE MORRER





A valsa

Casimiro de Abreu


Tu, ontem,
Na dança
Que cansa,
Voavas
Co'as faces
Em rosas
Formosas 
De vivo,
Lascivo
Carmim;
Na valsa
Tão falsa,
Corrias,
Fugias,
Ardente,
Contente,
Tranqüila,
Serena,
Sem pena
De mim!
 
Quem dera
Que sintas
As dores
De amores
Que louco
Senti!
Quem dera
Que sintas!...
— Não negues,
Não mintas...
— Eu vi!...

Valsavas: 
— Teus belos
Cabelos,
Já soltos,
Revoltos, 
Saltavam,
Voavam,
Brincavam
No colo
Que é meu;
E os olhos
Escuros
Tão puros,
Os olhos
Perjuros
Volvias,
Tremias,
Sorrias,
P'ra outro
Não eu!

Quem dera
Que sintas
As dores
De amores
Que louco
Senti!
Quem dera
Que sintas!...
— Não negues,
Não mintas...
— Eu vi!...

Meu Deus!
Eras bela
Donzela,
Valsando,
Sorrindo,
Fugindo,
Qual silfo
Risonho
Que em sonho
Nos vem!
Mas esse
Sorriso
Tão liso
Que tinhas
Nos lábios
De rosa,
Formosa,
Tu davas,
Mandavas
A quem ?!

Quem dera
Que sintas
As dores
De arnores
Que louco
Senti!
Quem dera
Que sintas!...
— Não negues,
Não mintas,..
— Eu vi!...

 
Calado,
Sozinho,
Mesquinho,
Em zelos
Ardendo,
Eu vi-te
Correndo
Tão falsa
Na valsa
Veloz!
Eu triste
Vi tudo!

Mas mudo
Não tive
Nas galas
Das salas,
Nem falas,
Nem cantos,
Nem prantos,
Nem voz!

Quem dera
Que sintas
As dores
De amores
Que louco
Senti!

Quem dera
Que sintas!...
— Não negues
Não mintas...
— Eu vi!

Na valsa
Cansaste; 
Ficaste
Prostrada,
Turbada!
Pensavas,
Cismavas,
E estavas
Tão pálida
Então;
Qual pálida
Rosa
Mimosa
No vale
Do vento
Cruento
Batida,
Caída
Sem vida.
No chão!

Quem dera
Que sintas
As dores
De amores
Que louco
Senti!
Quem dera
Que sintas!...
— Não negues,
Não mintas...
Eu vi!


As Sem Razões do Amor

Carlos Drummond de Andrade

Eu te amo porque te amo. 
Não precisas ser amante, 
e nem sempre sabes sê-lo. 
Eu te amo porque te amo. 
Amor é estado de graça 
e com amor não se paga. 


Amor é dado de graça, 

é semeado no vento, 

na cachoeira, no eclipse. 

Amor foge a dicionários 

e a regulamentos vários. 


Eu te amo porque não amo 

bastante ou de mais a mim. 

Porque amor não se troca, 

não se conjuga nem se ama. 

Porque amor é amor a nada, 

feliz e forte em si mesmo.


Amor é primo da morte, 

e da morte vencedor, 

por mais que o matem (e matam) 

a cada instante de amor. 

 Amar
Florbela Espanca


Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: Aqui... além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente
Amar! Amar! E não amar ninguém!

Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma Primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!

E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar...




Morte  (hora do delírio)
Junqueira Freire


1. Pensamento genial de paz eterna
  Amiga morte, vem. Tu és o termo 
De dous fantasmas que a existência formam, 
 — Dessa alma vã e desse corpo enfermo.

2. Pensamento gentil de paz eterna, 
Amiga morte, vem. Tu és o nada, 
Tu és a ausência das moções da vida, 
do prazer que nos custa a dor passada.

3. Pensamento gentil de paz eterna 
Amiga morte, vem. Tu és apena 
A visão mais real das que nos cercam, 
Que nos extingues as visões terrenas.
[...]
7.    Amei-te sempre: — pertencer-te quero        
Para sempre também, amiga morte.        
Quero o chão, quero a terra, - esse elemento        
Que não se sente dos vaivéns da sorte.
[...]
13.  Única idéia mais real dos homens,        
Morte feliz — eu quero-te comigo,        
Leva-me à região da paz horrenda,        
Leva-me ao nada, leva-me contigo.





Namorados 

MANUEL BANDEIRA


O rapaz chegou-se para junto da moça e disse: 

-Antônia, ainda não me acostumei com o seu corpo, com sua cara. 
A moça olhou de lado e esperou. 
-Você não sabe quando a gente é criança e de repente vê uma lagarta listrada? 
A moça se lembrava: 
-A gente fica olhando... 
A meninice brincou de novo nos olhos dela. 
O rapaz prosseguiu com muita doçura: 
-Antônia, você parece uma lagarta listrada. 
A moça arregalou os olhos, fez exclamações. 
O rapaz concluiu: 
-Antônia, você é engraçada! Você parece louca.
 

Ensaio:






































Apresentação:






















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